Um dos primeiros problemas que enfrentei no Japão, descontando-se a barreira com a linguagem, foi com a bu(r)rocracia.
Uma vez tive de preencher um formulário na secretaria da universidade e, dentre os dados requeridos, pedia-se meu endereço, que possuía o número 7. Até aí, nenhuma surpresa. Como quase todo brasileiro (pelo menos, todos os que conheço), escrevi o número com um risquinho no meio (ou sete cortado, como dizem alguns) e segui adiante, respondendo fielmente ao resto do inquérito.
Pois não é que o funcionário que conferiu o meu papel preenchido olhou e reolhou praquele número, me perguntou o que eu havia escrito e, quando expliquei que era o sete, o cara foi telefonar (isso mesmo, telefonar!) pro chefe dele pra perguntar se podia aceitar o meu número cortado daquele jeito?
O tal chefe não deve ter gostado da novidade e, por conta disso, lá veio mais uma vez o subalterno dele com outro formulário em branco, dizendo que eu teria de preencher tudo de novo SEM cortar o bendito número sete ao meio.
Se o rosto daquele homem não estivesse tão morbidamente sério, eu poderia ter jurado que era piada. Mas não era. Por causa de um único número escrito de uma maneira diferente do "padrão", fui obrigada a reescrever uma folha inteira apenas para a conveniência de um chefe invisível que, muito provavelmente, jamais botaria os olhos naquele documento.
Agora, vocês já sabem: se algum dia vierem ao Japão e tiverem de escrever o número sete, nada de cortá-lo ao meio, hein?
Ah, e também não se pode utilizar letra cursiva; são verdadeiros enigmas para os japoneses. Apenas caracteres de imprensa, letras todas separadinhas, estilo fonte Times New Roman, como vocês veem aqui neste site.
Devo a idéia deste artigo a minha querida amiga Jacke que, com o seu blog Como Alcançar o Sucesso, me ajudou a lembrar deste "causo" para contar por aqui.
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