O caso do sete cortado


Um dos primeiros problemas que enfrentei no Japão, descontando-se a barreira com a linguagem, foi com a bu(r)rocracia.

Uma vez tive de preencher um formulário na secretaria da universidade e, dentre os dados requeridos, pedia-se meu endereço, que possuía o número 7. Até aí, nenhuma surpresa. Como quase todo brasileiro (pelo menos, todos os que conheço), escrevi o número com um risquinho no meio (ou sete cortado, como dizem alguns) e segui adiante, respondendo fielmente ao resto do inquérito.

Pois não é que o funcionário que conferiu o meu papel preenchido olhou e reolhou praquele número, me perguntou o que eu havia escrito e, quando expliquei que era o sete, o cara foi telefonar (isso mesmo, telefonar!) pro chefe dele pra perguntar se podia aceitar o meu número cortado daquele jeito?

O tal chefe não deve ter gostado da novidade e, por conta disso, lá veio mais uma vez o subalterno dele com outro formulário em branco, dizendo que eu teria de preencher tudo de novo SEM cortar o bendito número sete ao meio.

Se o rosto daquele homem não estivesse tão morbidamente sério, eu poderia ter jurado que era piada. Mas não era. Por causa de um único número escrito de uma maneira diferente do "padrão", fui obrigada a reescrever uma folha inteira apenas para a conveniência de um chefe invisível que, muito provavelmente, jamais botaria os olhos naquele documento.

Agora, vocês já sabem: se algum dia vierem ao Japão e tiverem de escrever o número sete, nada de cortá-lo ao meio, hein?

Ah, e também não se pode utilizar letra cursiva; são verdadeiros enigmas para os japoneses. Apenas caracteres de imprensa, letras todas separadinhas, estilo fonte Times New Roman, como vocês veem aqui neste site.

Deve-se escrever o sete sem que ele pareça atravessado por uma espada... Imagem: FreeFoto


Agradecimento:

Devo a idéia deste artigo a minha querida amiga Jacke que, com o seu blog Como Alcançar o Sucesso, me ajudou a lembrar deste "causo" para contar por aqui.

Matrix reloaded

Fevereiro sem computador próprio e tendo de depender da caridade de parentes é isso aí: artigos em atraso e nada de ineditismo...

Resolvi desenterrar essas velharias do VocêTubo, na esperança de que boa parte dos leitores deste blog sejam ou alienígenas visitando o planeta pela primeira vez ou eremitas neoluditas* (rimou!) arrependidos que somente agora estão conhecendo as tentações da vida virtual...Só assim mesmo para alguém ter a desculpa de nunca ter ouvido falar nestes vídeos patuscos que apresento logo abaixo:








* Neoludita é toda pessoa que é contra novas tecnologias. A palavra é composta pelo prefixo grego NEO, "novo" e pelo vocábulo LUDITA, provindo do inglês luddite, por sua vez derivado do nome de Ned Ludd, um dos líderes de um movimento de oposição à Revolução Industrial na Inglaterra do século XIX. Os luditas originais ficaram conhecidos como "quebradores de máquinas", justamente porque se muniam de pesados martelos e invadiam fábricas para destruir aquilo que, segundo eles acreditavam, geraria perda de empregos em massa (afinal, uma máquina podia substituir de maneira muito eficiente o trabalho de muitos homens). O termo neoludita vem sendo aplicado atualmente a pessoas que têm aversão ou medo de computadores, internet ou qualquer coisa cuja operação envolva apertar mais de três botões...

Japanisitices também é cultura! :D

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