Vou te mostrar que é de chocolate...

Assim dizia a letra de um antigo sucesso (1984) do Trem da Alegria.

Vou pegar carona nessa música anciã pra dizer que é de chocolate, mas de chocolate mesmo o novo refrigerante que os japoneses (quem mais?) inventaram.



A culpada da vez dessa japanisitice não é a Pepsi, mas a Suntory, inventora de mais outras misturas líquidas superestranhas das quais pretendo falar futuramente.

Lançada nesse último dia 19, ainda não experimentei a bebida, mas já requisitei a um de meus agentes (uhuhuh, é assim que eu chamo a minha cara-metade agora? Tenho de me preparar pra dormir no sofá...) a compra da mesma para a realização de mais um experimento científico-gastronômico.

Tetsujin - O Homem de Ferro

Apenas para complementar o artigo anterior, seguem algumas fotos acompanhando a evolução do colosso de Kobe:

Fase de Construção (Clique nas fotos para ampliar)

Fotos do site oficial do Projeto Tetsujin


Fase de Montagem

Agosto












Pintura e Acabamento

Setembro








Outubro






Esta última foto foi retirada da página oficial do Projeto Tetsujin

O nascimento de um gigante

Em agosto do ano passado não publiquei nenhum artigo para o Japanisitices (caso típico: vida real interferindo na minha vida virtual...). Por conta disso, deixei passar em branco um dos eventos mais interessantes ocorridos naquele mês: a construção de uma estátua de 18 metros do Tetsujin 28-go, personagem criado por Yokoyama Mitsuteru* em 1956.

O Projeto Tetsujin surgiu no início de 2006 na cidade de Kobe, quando a prefeitura estava em busca de ideias para revitalizar economicamente o distrito de Nagata, um dos lugares da cidade que foi mais afetado em 1995 pelo Grande Terremoto Hanshin (região que engloba as cidades de Kobe e Osaka). Algum fã de quadrinhos deve ter se lembrado de que Yokoyama Mitsuteru nascera no local e sugeriu que o robô gigante criado pelo quadrinhista seria um ótimo símbolo para representar essa revitalização.



Ideia aprovada, os membros da recém-formada comissão do projeto entraram em contato com a Hikari Productions, detentora dos direitos autorais da obra do senhor Yokoyama e começaram as negociações para a utilização de trabalhos variados do autor, em especial o robô Tetsujin 28-go (lit.: Homem de Ferro número 28) e os personagens da saga Sangokushi.

Pôster gigante do Tetsujin colocado na estação de metrô de Shin Nagata


Por causa da fama que mangás e animês (manga e anime, para os mais puristas) adquiriram no exterior, a construção de uma estátua de 18 metros de um personagem de quadrinhos no meio de uma praça deixou de ser delírio de um bando de otakus para se tornar um projeto concreto, embasado na esperança de atrair muitos turistas e, obviamente, mais dinheiro.

Cartão de trem e metrô com a figura do robô narigudo em atitude ameaçadora


Financiado em sua maioria pela iniciativa privada (o custo total foi de aprox. 135 milhões de ienes, dos quais 45 milhões foram bancados pela prefeitura), o projeto enfrentou uma série de atrasos, acabando por ser inaugurado oficialmente apenas no dia 4 de outubro (a data prevista era no final de agosto).

Inauguração da estátua na Praça Wakamatsu, distrito de Nagata, Kobe


* Nessas alturas do campeonato, existe alguém que ainda não saiba que eu sigo a ordem japonesa para nomes de pessoas, ou seja, primeiro sobrenome, depois o nome?

Hatsumode

As fotos abaixo foram tiradas em janeiro de 2004 e ilustram minha experiência em fazer um Hatsumode, a primeira visita no ano novo a um santuário xintoísta (embora alguns japoneses também optem por ir a um templo budista). Esta visita é normalmente feita durante os três primeiros dias de janeiro, feriados no Japão.

O local escolhido não poderia ter sido mais grandioso: o santuário de Ise (伊勢神宮 Ise Jingū), situado na cidade de mesmo nome na província de Mie.


View Larger Map

Quem quiser se aventurar a fazer um hatsumode, aconselho sinceramente a procurar um lugar mais sossegado, um daqueles santuários ou templos mais simplesinhos e fora das rotas turísticas. E não ir visitá-lo no primeiro dia do ano. A não ser que seja uma pessoa masoquista e muito, mas muito demófila. Para saber o porquê dessas precauções, basta dar uma olhadinha nestas fotos:

Mar de gente no caminho pro santuário de Ise


Depois de muita espera e vagarosos passos de formiga, finalmente consegui entrar junto com mais outras zilhentas pessoas.


Ainda mergulhada no meio do povaréu, apertei os olhos (e lasquei o zoom da câmera) para avistar o torii que marca o acesso ao santuário. Na foto, ele se encontra bem camuflado pois, em vez de ser pintado de vermelho, como a maioria dos torii que eu conheço, está em seu estado natural, ou seja, trata-se de um imenso tronco de cipreste polido. Isso o torna muito fácil de confundir com os outros troncos de árvores da região, mas com um pouco de fé acho que dá pra distingui-lo aí no canto superior esquerdo...

Esse ponto é o máximo até onde se pode chegar, pois o interior do santuário é território proibido a todos nós, reles mortais. Somente membros da família imperial têm o privilégio de saber o que se encontra do lado de dentro daquelas paredes de madeira. Até mesmo a grande sacerdotisa responsável pelo lugar tem de ser proveniente de um dos ramos dessa família. Isso porque Ise Jingu é o santuário dedicado a Amaterasu, deusa do sol, uma das divindades mais importantes do arquipélago e suposta ancestral do imperador.

Além disso, o local abriga um dos três Tesouros Sagrados do Japão, o Yata no Kagami (八咫鏡, literalmente, "espelho de oito mãos", possivelmente uma referência à largura do objeto). De acordo com a mitologia japonesa, foi este o espelho utilizado pelos deuses para ajudar a atrair e tirar a deusa do sol da caverna onde havia se escondido, chateada pelas ações de seu irmão Susanoo (deus do mar e das tormentas).

Quem quiser saber mais pode visitar a página oficial do santuário, em inglês, bastando clicar aqui.

AKEMASHITE OMEDETOU GOZAIMASU!

Esta é a frase com a qual a maioria dos japoneses se saúdam ao encontrarem conhecidos, vizinhos e colegas de trabalho pela primeira vez no início de um novo ano.

É uma maneira educada e polida para dizer FELIZ ANO NOVO mas, para os amigos mais íntimos e parentes, também pode ser usada uma versão mais curta e informal, como AKEMASHITE OMEDETOU ou simplesmente OMEDETOU.

2010 - Ano do Tigre


Tecnicamente falando, acho que já passou um pouco do tempo de usar essa expressão, uma vez que 2010 já está aí faz umas boas duas semanas, mas uma amiga japonesa me garantiu que ela ainda é válida mesmo em meados e final de janeiro, para quando se encontrar pela primeira vez no ano com alguma pessoa conhecida (tá bom, não conheço todos vocês pessoalmente, mas vamos manter a mente aberta, sim?).

Desse modo, ficam aqui registrados os meus votos a todos os queridos leitores deste blog (ainda continuo com essa mania de discurso de candidato em época de eleição. Tenho de parar de assistir à TV Senado...).

Kadomatsu, uma espécie de enfeite específico da época de ano novo.

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