Okinawa - A terra dos vidros coloridos

Vidros coloridos são uma das (muitas) marcas registradas de Okinawa, que possui uma cultura e línguas distintas do restante do Japão. Isso porque o arquipélago, até meados do século XIX, era um reino independente (embora prestasse tributo à China desde o séc. XIV e também ao Japão a partir do séc. XVII) chamado de Ryūkyū (em japonês), Liuqiu (em mandarim) ou reino de Léquias (em antigos relatos portugueses do séc. XVI).

A indústria do vidro começou no período Meiji (1868-1912), mas o atual estilo colorido foi criado durante a ocupação americana (Okinawa só foi devolvida ao Japão em 1972), a partir de garrafas de cerveja e refrigerantes descartados pelos soldados nas bases militares instaladas pelos Estados Unidos em quase toda a ilha.

Hoje, esses vidros se tornaram famosos no Japão inteiro (e até mesmo fora dele) e são conhecidos como "Ryūkyū glass" (琉球ガラス Ryūkyū garasu).

Eis aqui alguns exemplares de vidraria encontrados no Okinawa World em Naha, capital da província:

Alguns vasos


Mais outros


Copos e taças em profusão


Caracóis invadindo a mesa


Mão laranja e flores


Vaso bojudo e travessa com a figura de um leão Shiisaa


Alguém aí tem cacife pra comprar esse vaso por mais de 3 mil reais? (valor convertido dos ¥157.500,00 que aparecem aí na foto)

O paraíso é aqui: Okinawa

Finalmente, depois de uma longa espera, um superartigo sobre minha viagem!

O mar esmeralda em torno da ilha de Taketomi, Okinawa.
Foto: maru0522.


Para esta pessoa que vos escreve, aficcionada por água, especialmente da variedade verde-esmeralda translúcida que combina com praias de areias brancas e vegetação exuberante, Okinawa realmente é o meu Éden. E o lugar ainda é habitado de maneira geral por um povo alegre e hospitaleiro, o que torna a experiência ainda mais valiosa para quem sabe falar japonês. Tudo bem que eles são comedores convictos de goya[1] mas, afinal, ninguém é perfeito, não?

Suco de goya: o suco mais intragável do planeta...


Agora vocês já sabem o motivo de eu ter ficado tanto tempo sem atualizar o Japanisitices... Férias de verão, fiz minhas malinhas e vupt! embarquei para este arquipélago localizado na parte sudoeste do Japão.

Ah, sim, tudo bem que não passei o mês inteiro por lá (infelizmente); foi apenas uma mísera semana (pois o que é bom dura pouco). O restante das outras três semanas do mês foi passado em lenta agonia dentro de casa, prostrada e desidratada pelo calor, incapaz de fazer nada, diante de qualquer ventilador ou ar-condicionado que encontrasse pela frente. Quando enfrentar a fúria do astro-rei era absolutamente imprescindível, o negócio era sair toda blindada em bloqueador solar fator 50 plus mais sombrinha ou chapelão de abas bem largas...Bem que eu queria usar uma dessas roupas aí embaixo mas, como me sobressairia demais em relação à fauna local...

Peregrinas flagradas em Wakayama (não, essa província não faz parte de Okinawa; estou apenas mostrando o tipo de roupa que gostaria de usar para me proteger do solão torrador de garotas branquelas...).


Antes de vir para o Japão, imaginava que aqui era uma terra onde fazia muito frio. Tanto que, ao ter confirmada minha vinda para cá, saí que nem desesperada procurando roupas de inverno bem quentes no "país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza"... Roupas que, com exceção de um agasalho de lã que realmente valeu o que paguei por ele, se revelaram em sua maioria inúteis porque o frio daqui é muito, mas muuuuuito mais frio do que o inverno mais pesado do Brasil.

Em compensação, o verão é muito, mas muuuuuuito mais úmido, pegajoso e quente do que o verão da região sudeste brasileira, podendo ser comparado mais aos verões amazônicos. Eu não fazia ideia disso antes de vir pra cá; por isso, só comprei agasalhos e trouxe roupas para um inverno fajuto.

Ah, sim, em Okinawa o sol também é daqueles de rachar coco, mas o clima é mais seco, ou seja, você pode caminhar por um bom trecho antes de começar a suar. Já em Kansai, o calor é do tipo mushi-atsui (蒸し暑い), quente e úmido. Você não pode dar um passo sem começar a derreter e vazar água por todos os poros...

Mas voltemos a falar desta viagem MA-RA-VI-LHO-SA!!! Pra falar a verdade, dá pra resumir o artigo inteiro com apenas esse adjetivo mas, como sei que meus leitores e leitoras fiéis iriam me trucidar moral e fisicamente caso eu não produzisse um artigo com algum conteúdo (além do adjetivo) e recheado de fotos, aqui está, de maneira resumida, o meu roteiro de viagem:

- Ilha de Okinawa 沖縄本島 (Okinawa hontou)

Monotrilho em Naha, capital da província de Okinawa.


Entrada para o Okinawa World, que tem como principais atrações uma típica vila no estilo Ryūkyū e a maior caverna de Okinawa.


Gyokusendō. Apesar de ser uma caverna monstruosamente grande, apenas cerca de 890 metros são abertos para o público.


Estalagmites enormes brotam por todo lado.


Uma paisagem digna da obra-prima de Dante.


Demonstração de alguns instrumentos típicos para o público.


Achei o vídeo abaixo, narrado em inglês, mostrando as principais atrações do parque Okinawa World:










Em Naha existe uma rua comercial bem longa chamada de Kokusai-dōri ("rua internacional"). Nela, pode-se encontrar praticamente de tudo, especialmente suvenires dos mais diversos. Há também um centro de informações para turistas, onde eu parei para perguntar onde seria realizada uma festa de danças folclóricas típicas da região, chamada de Ichiman-nin no Eisaa Odoritai (一万人のエイサー踊り隊), ou "Festa de Dança Eisaa de 10 mil Pessoas". Esse número, dez mil, é uma metáfora para "todo mundo", ou seja, querendo dizer que a festa é aberta a todos, pois é ao ar livre.

10000 Eisar Dance Festa. Eisa, Eisaa ou ainda Eisar é um tipo de dança folclórica de Okinawa.


Na mesma praça onde ocorreram as apresentações do Eisar Dance Festa, acabei descobrindo que Naha (capital da província de Okinawa) e São Vicente (estância balneária no litoral de São Paulo) são cidades-irmãs, ao me deparar com um legítimo orelhão.

Orelhão em Naha!


Carta do então prefeito de São Vicente para seu compadre em Naha


- Ilha de Ishigaki 石垣島 (Ishigaki-jima)

Baía de Kabira


Na baía de Kabira não é permitido nadar, mas há dezenas de barcos com fundo de vidro que permitem que você possa apreciar as maravilhas da vida marinha sem ter de botar um dedinho do pé na água. O passeio dura apenas meia hora, o suficiente para se perceber que, mesmo sem a presença de banhistas, os corais da baía foram bastante afetados (há trechos inteiros de corais mortos). Mesmo assim, ainda tem muita coisa bonita para se ver: corais azuis, ostras-gigantes (Tridacna gigas), pepinos-do-mar aos montes, muitos peixes coloridos e até uma tartaruga (infelizmente, não consegui tirar uma boa foto ou filmar o bicho para publicar aqui).

Tridacna gigas, a maior concha de bivalve do mundo. É possível ver várias delas na baía de Kabira, graças ao passeio no barco com fundo de vidro.
Foto: Papakuro.


Um pepino-do-mar gigantesco (no "olhômetro", suponho que
o bicho deveria ter, no mínimo, mais de 30 cm).


Uma praia que merece ser mencionada nesta ilha é a de Yonehara (米原ビーチ), por ser um reduto para mergulhadores e pela presença de um centro de artesanato, voltado principalmente para a confecção de Shiisaa[2], um dos símbolos de Okinawa.

Yonehara é uma praia para mergulhadores.


Shiisaa, o guardião das casas


Do porto de Ishigaki partem diariamente vários ferryboats para ilhas próximas, como Taketomi, que fica a apenas 10 minutos de viagem.


- Ilha de Taketomi 竹富島 (Taketomi-jima)

Passarela pro mar azul-turquesa ou verde-esmeralda, dependendo apenas do dia e da lente do fotógrafo...
Foto: maru0522.


Esta ilhota de apenas 6,32 quilômetros quadrados de área pode ser inteirinha percorrida a pé por quem dispuser de fôlego ou de bicicleta, versão mais cômoda, pois há muitos pontos espalhados para o aluguel da mesma. Há, ainda, a opção mais exótica, morosa e limitada à vila (ou seja, as praias estão excluídas do passeio): percorrê-la em uma carroça puxada pelo búfalo-asiático (Bubalus bubalis), espécie bovina mais abundante da ilha.

Carro puxado pelo búfalo-asiático.


Praia de Kondoi, uma das melhores de Taketomi.
Foto: Paipateroma.


A praia de Kondoi é o lugar a ser obrigatoriamente visitado por todos os amantes de mergulho (scuba diving ou snorkeling) ou entusiastas de peixes e corais. As águas são divinamente transparentes e tranquilas (lógico, na ausência de furacões, que são comuns na região) e, por um bom trecho, são também super-rasas, tornando-as um convite irresistível para famílias com crianças. Para se ter uma ideia, eu percorri mais ou menos uns 100 metros mar adentro com a água chegando no máximo um pouco acima dos joelhos.

Outra vista de Kondoi


A quantidade enorme de animais que podem ser observados em Kondoi é de deixar qualquer admirador/a da natureza deslumbrado (como esta pessoa que vos escreve)...

Pepinos-do-mar como este são facilmente encontrados nas águas de Taketomi.


Como não poderia deixar de ser, em meio à fauna exuberante, há também uma parcela de animais venenosos ou peçonhentos com os quais deve-se tomar cuidado e manter distância. Alguns destes animais incluem serpentes marinhas (chamadas em japonês de umihebi), águas-vivas e, geralmente no meio dos corais, ouriços-do-mar da espécie Diadema setosum e o belo mas mortal peixe-escorpião ou peixe-leão (do gênero Pterois).

Peixe-leão


Na viagem deste ano, topei apenas com uma umihebi (literalmente: "serpente do mar"). É um animal bem tímido, e sua primeira reação ao encontrar um ser humano é fugir mas, como quase todo animal em fuga, pode atacar ao sentir-se ameaçado. Por isso, é recomendável não tentar chegar muito perto.

Uma serpente marinha nos deu e levou muito susto em Kondoi.


Praia de Kaiji


Outra praia famosa em Taketomi que fica praticamente do lado de Kondoi é a praia de Kaiji. Diz-se que é um dos únicos lugares em Okinawa onde se pode encontrar hoshizuna ou hoshi no suna (literalmente: "areia-estrela"). Não se trata de areia de verdade, mas da carapaça calcárea de milhões de minúsculas criaturas conhecidas como foraminíferos.

Infelizmente, dessa vez não tive a mesma sorte
desse cara que encontrou a areia estrelada...
Foto: Geomr.


Bom, eu fui lá e não vi nada dessa tal de areia-estrela, apesar de ter um monte de crianças e adultos agachados procurando por ela. Será que eu não olhei direito ou a hoshizuna está se tornando escassa, triste consequência de sua exploração descontrolada?

O que eu encontrei aos baldes por aquelas bandas foram bernardos-eremitas (um dos nomes comuns de crustáceos da superfamília Paguroidea).

Um paguro, bernardo-eremita ou caranguejo-ermitão.


Assim como nas águas de Kondoi eu tive de tomar cuidado para não pisar nos pepinos-do-mar, na praia de Kaiji eu quase andava na ponta dos pés, para não pisotear nenhum destes simpáticos e tímidos crustáceos que, ao menor sinal de movimento alheio, se encolhem e escondem dentro das conchas abandonadas de gastrópodes que eles tomaram de empréstimo para proteger seu corpo vulnerável (o abdômen destes animais é bem mole).

[1] Blergh! Vejam o que eu tenho a dizer sobre essa horrível cucurbitácea no meu artigo "Sabores estranhos de sorvete III", clicando aqui.

[2] Shiisaa (às vezes também simplificado em português para Shisa) são estátuas de leões (ou algo que se assemelha a um cachorro bem estilizado) considerados como amuletos protetores contra maus espíritos e acidentes naturais (como furacões, frequentes em Okinawa). São comumente encontrados aos pares nos portões ou nos telhados das casas.

Osaka Bang! Slash!

É por essas e outras que eu adoro morar em Kansai...



Um programa de variedades no Japão decidiu testar como o povo de Osaka reagiria se alguém imitasse o som de um tiro ou brandisse uma espada invisível.

Agora, se fosse no Brasil, sei não, acho que esse repórter já tinha levado no mínimo uma bordoada (se não fosse coisa pior)...

Festival de Gion 2

Mais fotos...

Outro carro alegórico


月鉾 Tsuki hoko (foto acima)

É o carro que representa a lua crescente, tão cultuada pelos japoneses (durante o outono, eles até têm um tipo de "ritual", o Tsukimi 月見 que significa, literalmente, "admirar a lua") desde tempos imemoriais. O Tsuki hoko é ricamente adornado com tapeçarias antigas e algumas preciosidades, como a pintura do teto, feita por Maruyama Ōkyo (円山応挙), um dos maiores artistas japoneses do século XVIII, e os refinados entalhes na madeira feitos por Hidari Jingorō (左甚五郎), um artista (que muitos acreditam ser fictício) do século XVII, também responsável pela superfamosa escultura do gato adormecido no santuário de Nikkō (日光東照宮 Nikkō Tōshō-gū):

Foto: Frank Gualtieri Jr. (in memoriam)


E mais outro, em formato de navio




船鉾 Fune hoko (foto acima)

Este carro alegórico é dedicado à imperatriz Jingū que, segundo a lenda, mesmo grávida enfrentou o mar com sua esquadra para conquistar a Coréia. Historicamente, nunca existiu nenhum registro comprovando o feito, e muitos estudiosos creem que essa estória seja apenas fruto de propaganda nacionalista. Ou seja, a praga do ufanismo exacerbado já existia mesmo em tempos antigos... Mas, política e fanatismos à parte, a lenda acabou identificando a imperatriz como uma deusa do parto, e esse carro é muito popular entre as mulheres por esse motivo, embora ambos os sexos se maravilhem com os complexos e belos entalhes na parte superior do casco do navio.


Buquê de flores


O carro acima é chamado de Hoshō-yama 保昌山, e conta a história de Fujiwara Yasumasa (Hoshō é outra maneira de ler Yasumasa em japonês), um samurai do século XI que, por amor a uma dama, colheu galhos com flores de ameixa do palácio imperial (o que, imagino eu, constituía um crime dos mais graves). Não sei que fim (provavelmente trágico) levou esse samurai, mas o carro alegórico com sua figura é dedicado ao deus do Amor.

Samurai acrobata?


Apesar de a foto acima parecer uma versão antiga e japonesa do Cirque du Soleil, na verdade não passa de um daqueles momentos "congelados" à la Matrix de um monge guerreiro chamado Ichirai que, no afã de ir combater seus inimigos, pulou sobre seu companheiro de batalhas (todo coberto de plástico por causa da ameaça de chuva) Jōmyō para chegar na frente. Para você ver como as aparências enganam...

Carregadores


Não são apenas deuses, imperatrizes ou guerreiros famosos que dão o ar de sua graça no festival; as classes menos favorecidas também estão representadas, como estes carregadores de cestas multi-uso. Quando o desfile deu uma paradinha, para esperar que os carros da frente se movimentassem, vi que os caras abriram uma das cestas e dela tiraram...duas latas de refrigerante! Apesar do tempo feio, o dia estava abafado e calorento, e estes dois espertos puderam se refrescar tranquilamente enquanto esperavam na fila...

O último carro


南観音山 Minami Kan'non Yama (foto acima)

De acordo com o regulamento tradicional do Festival de Gion, todos os anos este carro deve vir por último na procissão, assim como o Naginata Hoko deve ser o primeiro. A ordem dos outros trinta carros alegóricos é decidida através de sorteio, no comecinho de julho, com a participação do prefeito de Quioto. Este costume começou em 1500(!) e tem sido feito assim desde aquela época para evitar conflitos, picuinhas e ressentimentos entre os participantes.

O Minami Kan'non Yama é dedicado a Yōryū Kan'non, deusa da compaixão e da piedade, e sua imagem, junto com a de um santo(?) é colocada neste carro. Dizem que essas duas figuras protegem o povo de qualquer tipo de enfermidade. Também se acredita que o imenso ramo de salgueiro que fica encarapitado no alto ajuda a espantar as doenças.

Detalhe do enfeite lateral do Minami Kan'non Yama


Kusudama (literalmente: "bola de remédio") antigamente era utilizada como um reservatório de incenso, ervas aromáticas ou medicinais, que eram armazenados em seu interior. Há quatro delas, enormes, penduradas uma em cada canto do último carro alegórico, que já estou começando a apelidar de "pronto-socorro alegórico", tamanha a quantidade de símbolos para afastar as moléstias que encontrei nele...

Segurança no desfile


Réplicas em miniatura dos carros alegóricos à venda


Referência: Quase toda a informação sobre os carros alegóricos foi retirada do livreto que é distribuído de brinde a todo mundo que compra um lugar para assistir ao desfile.

祇園祭 - Gion Matsuri - Festival de Gion

Considerado um dos três maiores festivais do Japão (junto com o Festival Tenjin em Osaka e o Festival Kanda em Tóquio), o Festival de Gion (lê-se "guiôn") dura praticamente todo o mês de julho, mas o ponto forte para alguns, especialmente turistas estrangeiros, que congestionam todo espaço disponível na cidade, é o desfile de carros alegóricos no dia 17.

Apesar de morar relativamente perto de Quioto e de ter o dia livre, acabei desanimando de ir justamente por pensar no sufoco que iria encontrar por lá, com o empurra-empurra dos que querem um lugar ao sol (literalmente; hoje está fazendo tempo bom...e muito quente!) e os muitos desvios de câmeras alucinadas que parecem mirar sua cabeça quando na verdade lutam por uma foto exclusiva de um evento exaustivamente filmado e fotografado desde sei lá quando...

Enfim, este artigo vai ser um pouco econômico nas palavras, pois vou deixar que as imagens do desfile do ano passado mostrem mais ou menos como é a coisa:


Exército de samurais


Naginata-hoko, o primeiro carro


Naginata-hoko chegando perto
Foto: Chris Gladis



Ainda o mesmo carro, mostrando meninos de cara pintada



Mais outro carro! (bem, o desfile tem 32 deles)



Comissão de frente



Exibição de leques



Com exceção do primeiro carro, que tem crianças como "mascotes", os demais trazem bonecos na frente



Flautistas empoleirados



Enquanto isso, no teto, uns trabalham...



...enquanto outros...

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